ADEUS ÀS ORELHAS DE ABANO

sexta-feira, julho 23, 2010

"Otoplastia é indicada ainda no início da idade escolar, quando a autoestima da criança é mais atingida por causa do problema. Férias de inverno é o período ideal para operar.

Recentemente, uma palavra de uso coloquial na língua inglesa entrou no cotidiano dos brasileiros. O bullying, termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica sobre indivíduos incapazes de se defender, é uma prática antiga que ocorre de diversas maneiras e em diferentes ambientes da sociedade. Porém, há pouco tempo, a expressão ganhou notoriedade, haja vista a preocupação que este tipo de assédio humilhante está despertando em especialistas no mundo todo.

O foco maior de ocorrências é nas escolas onde se concentram crianças e adolescentes. Não foi à toa que em Santa Catarina o Ministério Público (MP) lançou, no último mês de março, a campanha “Bullying, Isso Não é Brincadeira!”, com parceria das secretarias estadual e municipais de Educação, Sindicato dos Estabelecimentos Privados de Ensino (Sinepe-SC) e Assembleia Legislativa, por meio da Escola do Legislativo. Sob o lema “Seja Amigo: respeite as Diferenças, somos Todos Diferentes, mas com Direitos Iguais”, a intenção do MP é criar entre os jovens o sentimento de respeito à diversidade de cor, raça, religião, orientação sexual, valores, pensamento, nacionalidade, etc.

Para milhares de alunos, portanto, voltar às aulas significa o início ou a continuidade de um tormento e nunca o prazer de matar a saudade do colégio, aprender matérias inéditas, sentir o cheirinho de material escolar novo, rever e brincar com os amigos. Entre os diversos problemas típicos da infância, ser vítima de chacota e isolamento por causa de algum aspecto físico dito anormal é talvez o que mais atinge a autoestima da criança. Muitas vezes, é algo que só vai se modificar com a fase de crescimento, o que para uma criança é muito tempo. A segunda alternativa é a cirurgia, reparadora ou estética.

Orelhas

No caso das crianças, cirurgias plásticas em geral só são realizadas para reparar danos causados por acidente ou doença. Com fins estéticos “a otoplastia é única operação que se faz de rotina em criança, pois a orelha cresce muito pouco depois dos seis, sete anos. A hora de operar é quando a ela reclama”, explica o cirurgião plástico Zulmar Antonio Accioli de Vasconcellos, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica de Santa Catarina (SBCP-SC) e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

As orelhas são uma das partes mais evidentes do corpo humano. Está na cabeça, ladeando o rosto, que é para onde todos nós olhamos quando falamos com alguém. Apesar de não existirem problemas clínicos de audição associados a esta ocorrência, pois a alteração é somente na forma estética do pavilhão auricular, quando elas crescem com a aparência das chamadas orelhas de abano os distúrbios psicológicos são frequentes e podem traumatizar o aluno a ponto de não querer mais ir para a escola.

Nos consultórios médicos, referem-se a elas como orelhas em abano ou descoladas, mas na sala de aula quem a possui ganha apelidos como Dumbo, Topo Gigio, Orelhão, Radar, entre outros tantos que as cabecinhas alheias conseguirem imaginar. Crianças caçoam do defeito dos outros porque não percebem a crueldade que está embutida na brincadeira maldosa. E a reação, geralmente, ocorre cedo, quando por iniciativa própria se deseja uma solução. Os pais devem ficar atentos à manifestação do filho em querer corrigir a forma da orelha, mas muitas vezes ele tem vergonha ou medo de falar sobre o assunto.

E o período de férias escolares é propício para a realização de cirurgia plástica, em especial no inverno, quando a criança está mais distante do sol e da praia.

A cirurgia

A orelha de abano ocorre quando há a alteração de dois ângulos: o crânio-conchal e o escafo-conchal. A ausência de uma dobra na região da concha impede a orelha de se manter rente à cabeça. Nos casos mais graves, a orelha pode ficar até perpendicular ao crânio e não tem nem como disfarçar com o cabelo. “Em princípio não é uma malformação, é apenas uma alteração da forma normal que não se encaixa nos padrões de beleza da maioria”, explica o médico.

Entre as várias técnicas para a correção, bastante eficiente é se fazer uma incisão atrás da aba da orelha para que se possa retirar a quantidade certa da concha, dobrar e moldar a cartilagem. Com a nova dobra, a orelha “deita”, aproximando-se da cabeça. Os pontos, além de fecharem o corte, ajudam a manter a nova forma. A otoplastia, normalmente, dura uma hora, metade para cada lado. “Na maioria das vezes, a criança quer tanto a cirurgia que é possível fazer com anestesia local”, conta Vasconcellos, lembrando que, normalmente, a mãe acompanha a operação. Quando há vontade do paciente, ele coopera com o tratamento e a satisfação com o resultado é maior. O que não pode é ser operado com medo, podendo lhe causar mais um trauma.

A cirurgia causa certo grau de dor, que é perfeitamente controlada com medicamentos. Quando a anestesia é local, o paciente vai em seguida para casa, mas se for o caso de sedação basta esperar algumas horas antes de ter alta. O pós-operatório é muito simples: usa-se uma atadura durante 24 horas e, pelos 30 dias seguintes, uma bandana para proteger a orelha operada. “Os cortes são feitos atrás da orelha, não aparecem. Os pontos são absorvíveis e o resultado fica muito natural. Dois meses após a cirurgia, não dá para notar que o paciente operou”, garante o médico.

Não é raro a parte superior da orelha voltar a se dobrar um pouco, pois a cartilagem possui um efeito “memória”. Se não for bem acomodada, poderá tentar “regressar” ao seu contorno original depois de algum tempo. Porém, nunca volta ao que era antes e a correção é simples, por meio de um pequeno procedimento de apenas cinco minutos.



Saiba mais

*Acredita-se que, nas primeiras 48 horas de vida, se pode moldar um pouco a orelha do bebê. É comum as mães usarem fita adesiva para tanto, mas depois de dois dias de nascido não adianta mais. E deve-se ter o cuidado de não machucar a pele delicada da criança. Há quem siga a prática até a vida adulta, por receio da cirurgia.



*Enquanto os meninos são mais atingidos pelo problema na vida infantil, as mulheres sentem-se movidas a buscar a solução às vésperas do casamento. Se antes escondiam as orelhas com os cabelos soltos, agora o penteado e o vestido de noiva a preocupam tanto qualquer detalhe da cerimônia.



*Além da orelha de abano, existem outras variedades, como a orelha de lobo, quando a ponta aparece dobrada para baixo e para frente; orelha de concha, quando não há a curva na borda exterior e as dobras naturais; orelha em repolho, comuns nos lutadores de luta livre e jiu-jitsu, que não tem conserto; e ainda lóbulos muito grandes, esticados ou com dobras.



*Ao contrário, as orelhas também podem ser muito pequenas, faltar parte delas ou mesmo serem ausentes (microtia), por causa genética, doença ou ferimento. A reconstrução é complexa e o resultado considerado pobre: tira-se uma parte cartilaginosa da costela para montar a orelha nova e cobre-se com retalhos de pele locais.





Assessoria de comunicação:

Marcos Reichardt Cardoso (SC 00461 JP)

(48) 9972-0991

marcosreichardtcardoso@yahoo.com.br

You Might Also Like

0 comentários