Cirurgia Plástica: acompanhamento psicológico é importante

quinta-feira, novembro 11, 2010

A busca por cirurgias plásticas aumenta a cada ano. O Brasil é um dos países que mais a realizam e muitas pessoas vêm de fora para poder fazer o procedimento por aqui. A facilidade do pagamento que muitas clínicas têm oferecido e a constante busca pela perfeição são algumas das razões desse aumento.
Mas até que ponto as cirurgias valem a pena? Segundo psicólogos especializados na área, as mudanças do corpo estão diretamente ligadas com mudanças na mente. A psicóloga Ester Esquenazi trabalha no acompanhamento de pacientes que resolveram optar por cirurgias plásticas. "A principal importância da psicoterapia nesse tipo de tratamento é o acompanhamento ao paciente para uma melhor evolução auxiliando nas dificuldades que possam aparecer durante o mesmo, reduzindo o grau de ansiedade e stress, facilitando ao paciente a chegar a sua meta e auto-estima", explica.

Segundo Ester, o resultado imediatista dos procedimentos realizados e a crença de que, depois do procedimento, todos os problemas particulares serão resolvidos são as maiores queixas dos pacientes e dois dos principais motivos do acompanhamento. "O acompanhamento psicológico vai dar força a um estimulo para se chegar ao objetivo imaginado e idealizado pelo paciente. Muitas vezes devido a qualquer variável na vida do mesmo, o objetivo já pré-elaborado pelo paciente sofre uma alteração de tempo, o que pode acarretar em um desânimo ou abandono do tratamento. O objetivo do acompanhamento psicológico é a de que o paciente não abdique de seu ideal e consiga ultrapassar as barreiras que poderiam desestimular ao segmento a ser atingido", relata a psicóloga.

A auto-estima é o foco do trabalho feito por Ester em parceria com o cirurgião. São marcadas algumas consultas antes do tratamento ser realizado, para que ambos possam ter certeza da segurança do paciente quanto à sua decisão e as conseqüências que ela irá trazer. "Temos que admitir que auto-estima é a âncora da vida de qualquer pessoa, e sabemos também que qualquer grau de ansiedade de maior nível pode fazer com que um tratamento custe a se concluir de forma satisfatória. A psicologia entra como uma auxiliadora do tratamento, com uma importância pré, no sentido de avaliar o grau de ansiedade do paciente e com uma melhor definição da razão pela a qual quer o tratamento; aí sim, conseguiremos com o acompanhamento, atingir na íntegra seu ideal e com a certeza de que fez por ele e não pelos outros", complementa.

Além do trabalho em cima da auto-estima, o acompanhamento psicológico também é indicado para outros fins. Como, por exemplo, a manutenção do resultado pós-operatório. "O corpo e a mente estão diretamente ligados. Conforme o diagnóstico terapêutico é dado, os sintomas físicos podem ser analisados, porque muitas vezes são desenvolvidos na mesma ocasião. Quando a pessoa não consegue elaborar uma emoção, o corpo fala, responde. Às vezes ela está ansiosa e come mais. Em alguns casos essa ansiedade aparece porque ela não consegue ultrapassar barreiras", explica a psicóloga Silvana Peres.

Segundo Silvana, há casos em que a correção do problema é feita sem a necessidade da cirurgia, mas através de um trabalho em parceria de tratamentos estéticos e acompanhamento com terapia. "A ansiedade pode ocasionar perda ou aumento de peso, problemas de pele, entre outras doenças psicossomáticas. Os casos mais comuns são os distúrbios alimentares. Às vezes a cliente da clínica de estética não está conseguindo manter os resultados e, quando ela inicia as sessões comigo consegue entender o que está acontecendo de errado, ansiedade, baixa auto-estima, entre outros, e consegue, assim, garantir maior eficácia dos tratamentos", diz.

O caminho pode ser inverso. É comum que as pacientes da clínica de psicologia sejam encaminhadas para clínicas de estética, principalmente quando a auto-estima está sendo trabalhada. "A preocupação com o corpo, neste caso, pode melhorar a auto-estima, dando um resultado positivo nos dois trabalhos", explica Silvana.
O culto ao corpo pode ser acompanhado diariamente através de filmes, novelas, seriados, revistas e jornais. Comerciais exaltam mulheres com o corpo considerado ideal e, muitas vezes, dificultam ainda mais o trabalho destes profissionais. "Esse conceito que é passado leva ao abandono, à solidão, à rejeição. A mulher não se sente digna. Às vezes, é ate uma questão de estima. Ela tem vergonha, timidez. Hoje eu acredito muito na mistura do corpo, alma e espírito. Se um deles não está sendo bem tratado, o resto sofrerá junto. A depressão, por exemplo, encurva, emagrece e engorda, altera a pele, o sono, o apetite e, rapidamente, mostra suas conseqüências físicas", diz Silvana.

A duração das sessões varia caso a caso. Segundo as psicólogas, há pacientes que apenas necessitam de um pré e um pós-atendimento, outras necessitam mais sessões antes de qualquer tratamento devido ao seu grau de ansiedade.

Quando o trabalho é feito através de terapia, é indicado inicialmente uma sessão por semana, depois uma a cada 15 dias e então mensal. Não é como análise, que precisa ser constante. O trabalho da terapia é tentar preparar a paciente para vencer as crises sozinha. Quando tem alguma alteração que mude o ciclo vital –como casamento, luto, mudanças, etc - ela volta para uma nova consultoria. É o momento de fazer uma readaptação. Cada sessão dura 1h e a sessão de família, 1h30min.

Hoje, o Brasil possui alguns dos melhores cirurgiões plásticos do mundo e, por isso, a cirurgia está sendo mais indicada pelos próprios médicos do que era antes, para casos estéticos. Mas o acompanhamento psicológico, o apoio dos amigos e familiares e a certeza da mudança são alguns pré-requisitos básicos solicitados por eles. Não é obrigatório, mas é altamente recomendado.




Cirurgia plástica não se faz por que é moda, deve existir um porque mais relevante, pense nisso.

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